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Breve resumo de sua Fundação

 

Banda Curica, fundada em 08 de setembro de 1848, por José Conrado de Souza Nunes, seu primeiro mestre, filho de portugueses, teve como finalidade principal abrilhantar as festas religiosas da paróquia de Goiana - Pernambuco, primando, também, pelas músicas marciais. No ano de Fundação da Banda, 1848, a Curica não tinha nome nem fardamento, era conhecida como: o grupo de José Conrado, o filho do marinheiro, “Boca de Cravo”, designativo de todos portugueses que moravam nesta cidade nos séculos passados. Na época do Imperador D. PEDRO II (06-12-1859) passou a integrar a GUARDA NACIONAL, fazendo as honras da Corte, fato que consolidou a cultura do município de Goiana - Pernambuco.

A origem do nome

 

Havia nesta terra uma senhora que morreu velha e solteira, bem avisada que foi por aquele conselho de São Paulo, que diz: “Casar é bom e não casar é melhor”. Dona Iria, irmã do Padre José Joaquim Camelo de Andrade, foi grande figura da igreja naquela época morava na Rua Direita (Avenida Marechal Deodoro da Fonseca) em companhia de suas escravas.

Certo dia, quando o grupo de José Conrado se deslocava do consistório da Igreja do Amparo, local onde a Banda foi fundada, para ir tocar na Rua Direita (Avenida Marechal Deodoro da Fonseca), enfrente a casa de dona Íria e oferecer-lhe uma garbosa polca, música considerada avançada para aquela época. Parecia não corresponder com a nomeada do autor, e dona Íria, à maneira de todo mortal, arvorou-se em crítica musical, dizendo, alto e em bom som, a uma de suas escravas, que também na ocasião se deliciava com as melodia do grupo musical. Ô Rosa!... Apontando para a banda, disse: aquela música só parece dizer: “Curi-ca-cá”... Curi-ca-cá... Isso imitando o tom da polca.

Da crítica sumária de Dona Íria veio a “corruptela” CURICA, nome que ainda hoje conserva a banda. A Curica teve vários presidentes, entre os quais o pai do médico e escritor José Carlos Cavalcanti Borges, que foi promotor em Goiana e tinha o mesmo nome do filho. José Carlos Cavalcanti Borges, pai, foi um grande amigo e incentivador da banda. A Curica fez várias excursões pelo Brasil, representando o município de Goiana e conquistou muitos prêmios. É um dos orgulhos dos goianense. Entre os muitos nomes ilustres que fizeram parte do quadro de sócios da Curica então o presidente Getúlio Vargas e o interventor do Rio Grande do Sul, Flores da Cunha.

A rivalidade entre as bandas Curica e Saboeira sempre existiu. Algumas vezes as retretas e as festas religiosas onde elas se exibiam terminava com confusões, correrias e até tiros. Como na maioria das bandas existentes no país, na sede da Curica funciona uma escolinha de música, onde crianças de origem humilde recebem orientação musical gratuita, graças ao trabalho benemérito e filantrópico dos maestros e seus auxiliares.

A Curica mantém-se em atividade graças ao empenho e incentivo do povo goianense, à colaboração da prefeitura municipal e à abnegação dos maestros e músicos locais, iniciados e formados na escolinha da Curica. Banda Musical Curica, grupo cheio de tradições e histórias, continua formando jovens músicos e se destaca como a mais antiga banda de música da América Latina. A Banda Musical Curica é um grupo cheio de tradições, cheio de histórias contadas pelos mais velhos, dentre eles os nonagenários Antonio Secundino de Santana “meia noite” (In Memorian) e João José da Silva “Calixto” (In Memorian), dois dos mais antigos participantes da banda. Uma dessas histórias diz respeito à tocata para o Imperador. Conforme consta nos anais de Goiana, a curica, sob a regência do maestro Ricardinho, participou das festas em homenagem a D. Pedro II, durante visita à cidade, em 06 de Dezembro, o Diário de Pernambuco noticiava a visita da autoridade máxima do país e dizia que a Guarda Nacional “esteve reunida com mais de 700 praças e boa música”. A Curica era, naquele período, a banda do batalhão.

Sociedade Musical Curica

A Sociedade Musical Curica oferece, justamente por ser mais antiga, um repertório de tradições, de histórias contadas pelos mais velhos, dentre eles o nonagenário Antonio Secondino de Santana,Meia Noite, e João José da Silva,Calixto, dois dos mais antigos participantes da banda - falecidos após a banda conquistar o título estadual de patrimônio vivo, concedido em 2005.Uma dessas histórias diz respeito a uma tocata para o Imperador.Conforme consta nos anais de Goiana, a Curica, sob regência do mestre Ricardinho, participou das festas em homenagem a D. Pedro II, durante visita à cidade, em 6 de dezembro de 1859.Quatro dias depois, ou seja, 10 de dezembro, o Diário de Pernambuco noticiava a visita da autoridade máxima do país e dizia que a Guarda Nacional "esteve reunida com mais de 700 praças e boa música". A Curica, naquele período, era a banda do batalhão.

Com repertório musical cheio de sofisticação e variedade, o grupo também marcou presença nas comemorações da Abolição da Escravatura, da Proclamação da República, ajudou e campanhas políticas do Partido Conservador e, então militarizada, fez parte da guarda nacional.Criada com o objetivo de realizar tocatas em festas religiosas, a banda foi fundada em 1848, por José Conrado de Souza Nunes, primeiro regente do grupo musical.Do Rio Grande do Norte, era conhecido como filho do marinheiro, Boca de Cravo.Segundo o historiador Alvaro da Anunciação Guerra, cujo pseudônimo era Mario Santiago - conforme pesquisado e publicado, na ocasião do centenário, em 1948, no livro Elementos para a história da Sociedade Musical Curica - tudo começou com um grupo de 12 a 15 músicos que se reuniu no consistório da igreja de Nossa Senhora do Amparo dos Homens Pardos e resolveu criar uma orquestra sacra, apresentando-se pela primeira vez numa tocata, no Amparo, durante as comemorações da natividade de Nossa Senhora, ou seja, no dia 8 de setembro de 1848.À época da fundação, era chamada corporação musical.Assim começa a história da Curica, a mais antiga banda de música, em atividade ininterrupta , do Brasil e da America Latina.

O abolicionista e senador  do Império João Alfredo Correia de Oliveira dá noticias, na biografia que escreveu sobre o 2º Barão de Goiana - Bernardo José da Gama -, que "cada partido tinha a sua banda de música e estafar-se em ajuntamento e passeatas". Deduz-se que a outra banda era a rival Saboeira, de 1855, ainda hoje em atividade, fundada com o objetivo de acompanhar o Partido Liberal, oposicionista do Partido Conservador, ao qual pertencia a Curica.As histórias da inimizade fidagal entre as duas bandas foram escritas com sangue.Entre pontapés e lances de capoeira, gritava-se "Viva a Curica!Morra a Saboeira!" E vice versa.Em 1928, visitou a capital da Paraíba, o que teve enorme repercussão na imprensa local.Entre os sócios honorários, constam os nomes do então presidente Getúlio Vargas e de Flores da Cunha, interventor no Rio Grande do Sul.Durante a 2ª Guerra Mundial, participou de passeata antinazista em agosto de 1942.

No dia 1º de dezembro de 1944 recebe a visita do famoso musicólogo uruguaio, professor Francisco Curt Lange, que, demonstrando grande interesse pelos arquivos de composições musicais, obteve uma relação das peças escritas no século 19, mais uma foto da corporação.A banda executou, em homenagem a visitante, a Sonata Patética, de Beethoven; a valsa Obstinação, de Nelson Ferreira, e o dobrado Conselheiro João Alfredo.Na data do centenário, em 1948, Antonio Correia presenteou a Curica com uma sede própria, a mesma onde o grupo desenvolve suas atividades até hoje, á rua do Rosario. Naquele ano, a banda também decidiu criar seu estatuto próprio, ainda em vigor, em que se estabelecia  a fundação da escolinha de música, a fim de gratuitamente serem transmitidos os conhecimentos as novas gerações.De meados de 1960 a 1970 a banda manteve uma formação denominada Curica Jazz, que é retomada em 2009.São 29 componentes, escolhidos entre os mais talentosos alunos e integrantes da banda.Em meio às novas realizações, a diretoria está organizando o primeiro registro fonográfico, tanto da banda, quanto da jazz, para gravação de dois CDs a serem lançados em 2011.

A Curica é um dos grandes patrimônios culturais de Goiana e sempre marca presença em solenidades cívicas e religiosas, inclusive nas viagens pelo Brasil.No carnaval, subdivide-se em duas orquestra de frevo, para tocar no centro, nos distritos e vizinhança.Em variados eventos e inaugurações, apresenta-se sob forma de orquestra menores.O acervo musical conta com mais de 800 títulos, de todos os gêneros , entre clássicos, barrocos, dobrados,marchas de procissão, música religiosas, MPB, para a execução por cerca de 60 a 70 músicos.A catalogação do arquivo histórico e musical foi realizada pelos estudantes da escolinha, em regime de voluntariado.Resultante de um trabalho filantrópico de maestro, diretores e instrumentistas, a banda é responsável pela contínua preparação de novos artistas, pela renovação dos próprios integrantes  e traz no histórico a passagem de nomes  consagrados, como capitão Zuzinha, ou José Lourenço da Silva, e os maestros Duda e Guedes Peixoto. É inegável que a Curica tem colaborado com o despertar de talentos, com a formação de músicos. E mais: toca a sensibilidade dos goianenses que a veem passar pelas ruas, despertando-lhes o amor à música e às vivas tradições da cidade.

 

Fontes: Patrimônio Vivos de Pernambuco - Maria Alice Amorim


 

Locais que serviram de Sede para a Banda Curica

1. Consistório da Igreja de N.Sª do Amparo (1848-1869)

2. Rua da Conceição (1869-1875)  

3. Rua da Viração (1875-1911)

4. Rua Santa Teresa (1911-1922)

5. Rua do Meio (1922-1923)

6. Rua da Viração (pela 2ª vez/1923 a 1930)

7. Rua do Rosário (1930 até os dias atuais)
 

Lista de Regentes da Banda Curica

Ao longo dos seus 172 anos de história a Banda Curica teve vários regentes que contribuíram significativamente para a história dessa honrosa instituição, segue abaixo uma lista desses valorosos músicos e seus respectivos tempos de contribuição como regente da Banda Curica.

 

1. José Conrado de Souza Nunes

2. Monteiro de Sá

3. João José Tavares de Sá e Albuquerque 

4. Ricardinho

5. João José

6. Minervino de Freitas Feitosa

7. João José Filho

8. Antonio Gabriel Renepont 

9. Francisco Solano Lopes 

10. Paulo Carneiro 

11. Souza Lemos

12. João Artur Chaves

13. João Bezerra Chaves 

14. Diógenes Soares Pereira 

15. Àtico do Couto Bruno 

16. Róseo Pio de Amorim 

17. Francisco Carneiro dos Santos

18. Júlio Gonçalves, "Julinho"

19. José Dias de Oliveira, "Zé de Doda"

20. Manoel José da Silva

21. Tenente Wilson Ferreira

22. José Genuíno

23. Júlio Rocha

24. Gerson Borges

25. José dos Passos

26. Silvio Américo de Andrade Pinheiro

27. Claúdio João da Silva

28. Everton Luiz Silva do Nascimento

Regência em seus respectivos períodos 

1. José Conrado de Souza Nunes (1848-1850)

2. Monteiro de Sá (1850-1851)

3. João José Tavares de Sá e Albuquerque (1851-1854)

4. Ricardinho (1854-1860)

5. João José (1860-1880)

6. Minervino de Freitas Feitosa (1880-1881)

7. João José Filho (1881-1893)

8. Antonio Gabriel Renepont (1893-1910)

9. Francisco Solano Lopes (1910-1912)

10. Paulo Carneiro (1912-1913)

11. Souza Lemos (1913-1916)

12. João Artur Chaves (1916-1917)

13. João Bezerra Chaves (1917-1926)

14. Diógenes Soares Pereira (1926-1934)

15. Àtico do Couto Bruno (1935-1940)

16. Róseo Pio de Amorim (1940-1941)

17. Àtico do Couto Bruno (1942-1948)

18. Francisco Carneiro dos Santos (1948-1949)

19. Júlio Gonçalves, "Julinho" (1950-1953)

20. José Dias de Oliveira, "Zé de Doda" (1953-1978)

21. Manoel José da Silva (1978-1983)

22. Tenente Wilson Ferreira (1984-1986)

23. José Genuíno (1986-1987)

24. Tenente Wilson Ferreira (1987-1989)

25. José Genuíno (1990-1992)

26. Júlio Rocha (1993-1994)

27. Gerson Borges (1994-1996)

28. José dos Passos (1996-1997)

29. Gerson Borges (1997-1998)

30. José dos Passos (1998/6 meses)

31. Gerson Borges (1998-1999)

32. Silvio Américo de Andrade Pinheiro (1999-2004)

33. Claúdio João da Silva (2005-Novembro de 2015)

34. Everton Luiz Silva do Nascimento (Dez/2015 até os dias atuais)
 

Organizações Congêneres

O município de Goiana é como veremos bastante fértil em formações associativas de natureza artístico-musical.

Das quais se mantiveram por mais ou menos tempo, ou ainda se mantêm na época atual, podemos conferir:

 

1 – Saboeira – Dessa prestigiosa corporação, que se mantêm garbosamente como baluarte das mais caras tradições da nossa terra, diz o “Almanaque de Goiana”,editorado em 1930: “ A Saboeira foi fundada em 1855, pelo Dr. Estelita, com o fim de prestar  os seus serviços ao partido liberal e teve como seu primeiro mestre João José Tavares de Sá Albuquerque.”

A Sociedade que elaborou os primeiros Estatutos foi constituída em 12 de outubro de 1908, com a seguinte diretoria: presidente, José Pinto de Abreu; Secretário, Júlio Pereira; procurador Horácio Coutinho.

 

2 – Euterpe – Surgiu em Pontas de Pedra em 1882, presidente S. João da Rocha de Souza, mestre um tal de Demetrio, extinguiu-se no ano de 1890.

 

3 – S. Luís de Gonzaga – Inauguro-se em 20 de maio de 1888, não há relatou de sua extinção.

 

4 – Clube Filarmônico 13 de Maio, surgiu em 1888, presidente João Caçador, mestre João José Tavares de Sá Filho.

 

5 – Filarmônica Goianinhense – 1890/91, extinguiu-se em 1895.

 

6 – 20 de Julho – Fundada em Pontas de Pedra em 1893, sendo seu presidente João  bezerra e o mestre Antonio Domingues, o velho Chagas e Francisco Solano Gomes. Extinguiu-se em 1911.

 

7 – Nova União, fundada em 1895,  em Pontas de Pedra, presidente João José da Rocha e Souza, mestre Jose Benevides da Fonseca. Desapareceu pelo ano de 1911.

 

8 – Filarmônica e Bela – Fundada em 1897 o mestre dessa banda foi um tal de Ursulino, durou apenas 11 meses, sua primeira tocata foi em Caricé.

 

9 – Clube Musical 1° de Março, fundada em 1º de Março de 1902, tendo como presidente e regente o profº Eduardo Moreira Franco, não há relatos precisos de sua extinção.

 

10 – Sociedade Recreativa da Usina de Goiana, fundada em 13 de junho de 1903, não há relatos de seu presidente ou maestro.

 

11 – 28 de Junho, fundada em 28 de junho de 1905, continua em atividade até hoje, na cidade do Condado.

 

12 – 6 de Março, fundada em 1918, em Areias (Itaquitinga) distrito de Goiana, seu primeiro presidente foi o Sr. Francisco da Cunha Rabelo, mestre Osvaldo da Silva Vanderlei.

 

13 – 27 de Março,  fundada em 27 de março de 1938, no distrito de Areias (Itaquitinga), tendo por mestre o Sr. Benedito de Souza

 

14 – Corporação Musical Curica, fundada em 8 de setembro de 1848, por José Conrado de Souza Nunes seu primeiro mestre com o fim de fazer tocatas  em festas religiosas.

 

Fonte: ”Elementos para a história da Sociedade Musical Curica”. Autor: Mario Santiago
 

As Bandas de Música e a Revolução Pernambucana

Com as agitações políticas em Pernambuco, relativas às revoluções de 1817 e 1825, as bandas militares tomaram parte em solenidades e, de maneira bastante mais dramática, contribuíam para outro tipo de demonstração de ordem e poder: a execução dos condenados à morte. Um grande ato foi montado para o enforcamento dos condenados pela Revolução Pernambucana de 1817. A tropa de linha, enviada do Rio de Janeiro e de Portugal, com cerca de 4.000 soldados, foi colocada em duas alas desde o Forte das Cinco Pontas, onde os condenados estavam presos, até o Campo do Erário (atual praça da Republica), onde estava o patíbulo. Às nove horas da manhã, 800 soldados da guarnição de Recife, presos por tomar parte na revolta, marcharam desarmados ao “som de suas músicas militares”, isto é, acompanhados por suas bandas, da prisão até o Campo onde assistiram à execução. 

Durante o enforcamento foi executado um hino “cantado a duo e respondido pelo canto de toda a tropa e espectadores, tudo acompanhado pela fragorosa música instrumental de todos os corpos” (PEREIRA DA COSTA, 1951, p. 502, v. 7). Segundo Pereira da Costa apurou...

... cada cabeça que rolava do alto do patíbulo era saudada com aentoação de um hino cuja primeira audição se verificou neste dia, no momento em que o patriota Antônio Henriques Rabelo era atirado do alto da forca pelo algoz, com o pescoço preso ao laço do baraço, de mãos atadas para trás, e extorcendo-se às convulsões da morte (PEREIRA DA COSTA, 1951, p. 502, v. 7).

Pereira da Costa recolheu letra e melodia deste hino, que denominou por “Hino Realista” e a qualificou como uma “infernal cantata” (exemplo musical 2).61 Ele acreditava que a obra fosse de 61 PEREIRA DA COSTA, 1918, p. 196-197.65 autoria de Marcos Portugal, sob a letra de Manuel Joaquim da Silva Porto, e que a obra teria sido expressamente composta para as tropas enviadas do Rio de Janeiro para sufocar a revolta (PEREIRA DA COSTA, 1951, p. 505, v. 7). De fato, a obra foi composta no Rio de Janeiro, mas seu autor foi Sigismund von Neukomm e aparece no catálogo do compositor austríaco como “Hymne Martial”, com a data 25 de abril de 1817 e a indicação de “orchestre militaire”, isto é, banda militar. A letra era de autoria do Barão de São Lourenço, Francisco Bento Maria Targini (ANGERMÜLLER, 1977, p. 80). Exemplo musical 2: Sigismund von Neukomm, Hino Marcial cantado no enforcamento dos condenados à morte em razão da Revolução Pernambucana, 1817

 

CORO

Vamos todos inspirados

Pelo Marte Tutellar,

Resgatar um povo afflicto,

O Melhor dos Reis vingar.

I

Valorosos Lusitanos

A victoria por vós chama,

A trombeta já da fama.

Vossos nomes vai cantar.

II

Já de Jano as portas abre

A mais justa e santa guerra,

Quem do nada fez a terra

Nos ordena triunfar

III

Nossas béllicas bandeiras

Avistando o vil enxame,

Pelo Atroz remorso infame

Já se sente agrilhoar.

IV

A nós deu Joane o Justo

Porque o nosso valor presa.

Esta nobre, ilustre empreza

Que há de o Trono sustentar

V

Lá no Templo da Memória

Juntareis mais estandartes

Aos que já em tais partes

Vosso zelo fez ganhar

VI

Respirai vassalos dinos

Contra a vil traição e morte

De El Rei vem a gente forte

Vossos lares amparar

VII

Viva, Viva de Bragança

Viva o bom Herdeiro Augusto

Que d'um jugo torpe, injusto

Vem seu povo libertar

A execução de frei Caneca, em 1825, também teve “protocolo” semelhante. Embora condenado à forca, o frei foi morto a tiros, pois nenhum carrasco se dispôs a executá-lo. 

 

Fonte: tese de Mestrado de Binder sobre Bandas Militares
 

A Corporação Musical Curica visita a Capital Paraibana

“A Corporação Curica, conforme anunciamos, chegou no domingo ultimo, em visita a esta capital, a harmoniosa banda de música “Curica”, regida pelos maestro João Chaves. As 7 horas do referido dia,recebidos pela música da força pública do Estado, vieram os visitantes, conduzidos por uma massa popular até o quartel da Praça Pedro Américo. Às onze horas dando execução ao programa traçado foram cumprimentar o Dr. Júlio Lira (1) falando o maestro João Chaves, que interpretou os sentimentos dos seus colegas, tendo respondido o homenageado com uma saudação, repassada as palavras carinhosas aos membros da corporação “Curica”, oferecendo-lhes em seguida, no Hotel Familiar, um lauto almoço. Houve à noite então a retreta, tendo o jardim da Praça Comendador Felizardo, ficado completamente cheio de pessoas que foram ouvir a execução do programa musical. Todas as peças foram aplaudidas com entusiasmo e alguma bisadas mais de uma vez ouvindo-se sempre elogios à afinada banda visitante. Tocando trechos clássicos mostrou a “Curica” o seu  grau de bons artistas, tendo todos os seus músicos observado religiosamente aos segredos da arte de Carlos Gomes. A Paraíba com sua habitual hospitalidade, sem  que tal tivesse “aprendido com a generosa terra de Popó e Manteiga” tributou aos visitantes um acolhimento afetuoso”.

 

O Comercio da Paraíba - 30 de Setembro de 1923

Epílogo à Parte Primeira

Curica! Quanta significação para nós não encerra essa palavra bendita! Quanta devoção nos não desperta nalma a sua lembrança!

Curica dos belos tempos idos!...Essa que em ondas de entusiasmo incendiava o coração de nossos avós! Que estimulava, no próprio poviléu inculto, a sanha fanatizadora do arrebatamento!...

Curica dos velhos dias antanhengos!... do tempo do Império e da Guarda Nacional!... com seus uniformes bizarros, de cores garridenhas... os carrilhões tilitantes brilhando a luz do sol!

Curica das pompalhosas festas litúrgico-profanas – do Orago e da Conceição... a que compareciam com toda a imponência nobiliárquica, venerandas matronas senhoras de engenho, acompanhadas da sinhazinha gamenha  e suas faceirosas mucamas!...

Curica! Que sempre levou aos lares de quantos a admirassem o voto promissivo da felicidade!Que sempre derramou também por sobre a tumba de seus saudosos apologistas, a unção musicativa e grave dos adeuses definitivos!

Curica. Ò Curica! És bem a imagem sonora da nossa história linda e gloriosa! Tens a magia inelutável do pequenino cantor das nossas matas – o Curió d tanquinho! És fiel intérprete da voz amiga desses campanários que encimam os nossos templos vetustos! Também traduzes Ò Curica! O doce “scherzzo-piano”,a canção múrmura e ciciante da linfa de perflue alígera, levando o próprio nome oceano-além, destino ao Infinito! Representas ainda, no sonoro bramir de tuas trompas marciais, de teus instrumentos percutivos, a vibração rítmica das nossas fábricas e usinas construindo ininterruptamente a grandeza econômica do nosso porvir!

Curica!

És um símbolo, enfim do nosso passado, da nossa história, da nossa grandeza, - da nossa vida!

Curica!... Salve, ó Curica!

 

Fonte: ”Elementos para a história da Sociedade Musical Curica”. Autor: Mario Santiago

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